terça-feira, 19 de outubro de 2010

De volta


Tive um sonho certa vez...
Como qualquer pessoa que sonha enquanto dorme
Mas naquele dia, sai a procura de um lugar para descansar
Um repouso para minha mente
Longe da confusão que se fazia em minha vida
Das pessoas que, sem intensão, me lembravam do que havia acontecido...
Ao fim da tarde, sentei-me num banco de praça
E, perdendo as horas, vi o pôr-do-sol tranformando as cores daquele dia
Pedi tanto a Deus que somente voltasse seus olhos de amor para mim
Apenas por instante...
Pra que eu pudesse me sentir melhor!
Voltei então para casa já era noite
Não quis dar explicações, nem se quer desabafar...
Qualquer palavra dita daquele sofrimento não mudaria os fatos!
Já havia cansado de falar e chorar compulsivamente tentando acalmar a dor do coração
Minha voz não tinha nem forças pra sair da boca
Quase não conseguia manter a cabeça acima dos ombros...
Estava tão fatigada, e havia depositado minhas últimas esperanças naquela expremida oração no fim de tarde...
Fui direto para o quarto fechei a porta e no escuro permaneci um tempo
Não foi difícil pegar no sono
Remédios estavam me mantendo calma, bem calma...
Adormeci!
Então me vi de novo de olhos abertos em outro lugar
Estava deitada num gramado muito extenso e verde
Ainda meio sonolenta levantei-me, avistei um lugar que parecia muito familiar...
Corri em direção dele, tinha esperanças de descobrir onde estava...
Quando pisei em falso numa pequena elevação no chão e uma dor repentina e terrível me fez parar e abaixar
Torci meu tornozelo direito
Olhei para os meus pés e reconheci os sapatos que usava...
Um "bonequinha" de cor pérola que minha mãe guardava desde os meus 6 anos
Devia ser tamanho 28 ou 29
Interessante...
Era eu (a Letícia de 2010) no meu próprio corpo (a Letícia de 1996)
Quando percebi isso até me esqueci da dor que logo passou
Alcancei aquele lugar tão cômodo para mim
Acho que era minha casa, mas não me lembro daquele lugar!
Ao entrar pela porta uma alegria imensa tomou meu ser
Eu corria e saltitava pelas escadas que levavam ao segundo andar daquela casa enorme
Podia até sentir o fôlego da infância encher meus pulmões
Era maravilhoso sentir aquela sensação, uma alegria que não me deixava ficar quieta
A cada porta por onde eu entrava, uma nova descoberta
Brinquedos espalhados em cada canto me traziam lembranças de minha inocência perdida...
Eu estava leve... Livre de qualquer preconceito!
Podia ser como queria ser
E fazer o queria fazer!
E finalmente... Me sentia em casa!
E muito alegre por estar de volta...
Em meu quarto (pois no sonho tinha certeza de que era meu quarto, minha casa, minhas coisas), brincando, recuperei meus sonhos de infância já esquecidos...
Pude encontrar de novo a beleza na vida como ela é...
Na pureza de um sorriso, de um olhar...
Acreditar na felicidade, na simplicidade!
Depois daquele sonho, reencontrei a paz e a vontade de viver
Minhas forças eu tive de volta...
A espontaneidade de uma gargalhada sincera...
E a esperança no olhos de uma criança...
Na criança que habita dentro de mim!

Um comentário:

Leandro Vieira disse...

Os sonhos tem a capacidade de nos transportar para mundos diferentes, dentro do mesmo mundo onde vivemos.
A coisa mais doce do mundo deve ser o "sono"... que acalenta o espírito de um corpo cansado.